SAG-M (do inglês Saline-Adenine-Glucose-Mannitol) é uma solução aditiva/componente conservante usada na hemoterapia para preservar concentrados de hemácias refrigeradas por longos períodos. É também chamada de “SAG-Manitol” ou “SAGM” em diversas publicações.
A formulação típica da solução SAG-M contém (mais ou menos) os seguintes constituintes: cloreto de sódio (salina), adenina, glicose/dextrose e manitol.
- A salina ajuda a manter o equilíbrio osmótico.
- A adenina serve de substrato para a síntese de ATP dentro das hemácias.
- A glicose funciona como fonte de energia (fermentação anaeróbia, via glicólise) para manter metabolismo residual nas células.
- O manitol (açúcar álcool) atua como agente osmoticamente não permeante, ajudando a proteger contra hemólise osmótica e contribuindo para estabilizar a membrana celular.
Em geral, unidades de hemacias conservadas em SAG-M podem ser mantidas por até 42 dias a temperaturas entre 1 a 6 °C, desde que os procedimentos de manuseio e embalagem sejam adequados.
Em resumo: o SAG-M não é um “conservante químico antibacteriano” no sentido usual, mas sim uma solução aditiva nutricional/fisiológica que ajuda a preservar as hemácias ao longo do tempo, retardando os processos de degradação celular.
Vantagens do uso de SAG-M
A utilização de SAG-M como meio aditivo para conservação de hemácias apresenta várias vantagens reconhecidas na literatura:
- Estendimento do tempo de armazenamento
SAG-M permite conservação de hemácias por até 42 dias sob refrigeração (1–6 °C).
Isso representa um ganho importante sobre soluções mais simples, possibilitando uma logística mais flexível nos bancos de sangue. - Melhor retenção energética e de função celular
A presença de adenina e glicose ajuda a manter níveis de ATP durante o armazenamento, retardando a falha metabólica celular.
Também melhora a viabilidade funcional das hemácias durante o período de armazenamento. - Redução da hemólise e proteção da membrana
O manitol, por ser osmoticamente não penetrante, contribui para proteger as células contra estresse osmótico e para estabilizar as membranas, reduzindo a hemólise espontânea.
Em comparações com outras soluções, a hemólise residual costuma estar dentro dos limites aceitáveis regulamentares (ex: < 0,8 % na Europa, < 1 % nos EUA) mesmo no final do armazenamento. - Manutenção de propriedades de deformação da hemácia (necessária para seu alcance em todos os tecidos)
Há evidências de que as hemácias armazenadas em SAG-M preservam melhor a deformabilidade (capacidade de deformar-se ao passar por capilares) do que sob soluções menos sofisticadas.
Por exemplo, em um estudo realizado em 1999, por Izzo et al., avaliou a “Elongation Index” (índice de elongação) de hemácias armazenadas em CPD + SAG-M, observando decaimento progressivo mas dentro de margens aceitáveis de viabilidade. - Uso difundido e padronização
Por já ser uma tecnologia consolidada, o SAG-M é bastante adotado em bancos de sangue, facilitando padronização, conhecimento técnico e comparabilidade entre estudos. - Boa relação custo-benefício para sua faixa de uso
Comparado a soluções mais avançadas (por exemplo AS-7 ou outras formulações inovadoras), SAG-M muitas vezes oferece equilíbrio entre desempenho e custo operacional.
Limitações do SAG-Manitol
Embora o SAG-Manitol seja amplamente reconhecido por sua eficácia na conservação de hemácias, é importante compreender suas limitações dentro de um contexto técnico, sem que isso reduza seu excelente desempenho.
- Alterações naturais durante o armazenamento
Como em qualquer solução conservante, ocorrem pequenas mudanças metabólicas e estruturais nas hemácias ao longo do tempo, conhecidas como lesões de armazenamento ou lesões por estoque. Essas alterações são esperadas e permanecem dentro dos padrões de qualidade definidos por agências regulatórias. - Prazo máximo de 42 dias
O SAG-Manitol foi desenvolvido para garantir viabilidade celular e segurança transfusional por até 42 dias, o que atende plenamente às rotinas hospitalares e bancárias. Soluções mais recentes podem oferecer períodos um pouco maiores, mas com custo e complexidade também superiores. - Necessidade de boas práticas operacionais
O desempenho do SAG-Manitol depende diretamente de um processamento e armazenamento adequados, controle rigoroso de temperatura, leucorredução e manipulação asséptica. Ou seja, sua eficiência está ligada à qualidade do processo, não a limitações da solução em si.
Considerações e Perspectivas Futuras
O SAG-Manitol consolidou-se como a solução aditiva padrão-ouro na conservação de concentrados de hemácias, combinando segurança, estabilidade celular e excelente custo-benefício. Seu uso é amplamente respaldado por estudos científicos e pela experiência prática de bancos de sangue em todo o mundo.
Na Martell, essa tecnologia está incorporada às bolsas de coleta disponíveis em diferentes configurações para atender às necessidades de cada serviço:
- Bolsas quádruplas com SAG-Manitol e sistema fechado para leucorredução
Projetadas para permitir a remoção de leucócitos ainda durante o processamento, garantindo hemocomponentes com menor risco imunológico e inflamatório. A combinação de filtração pré-armazenamento + solução SAG-M assegura maior estabilidade metabólica e menor liberação de citocinas, ampliando a qualidade e o tempo de prateleira dos concentrados de hemácias.
BOLSA QUÁDRUPLA TOP&TOP COM FILTRO RC INLINE CPD/SAG-MANITOL | Martell
- Bolsas triplas ou quádruplas com SAG-Manitol (sem leucorredução integrada)
Indicadas para serviços com menor volume de coleta ou que realizam a leucorredução apenas quando clinicamente indicada, mantendo o mesmo padrão de conservação de 42 dias com segurança e viabilidade celular. São uma opção prática e eficiente, garantindo compatibilidade com os equipamentos e processos já existentes.
BOLSA QUÁDRUPLA TOP AND BOTTOM CPD/SAG-MANITOL | Martell
BOLSA QUÁDRUPLA CPD/SAG-MANITOL | Martell
BOLSA TRIPLA CPD/SAG-M | Martell
Perspectivas futuras
O campo da conservação de hemocomponentes avança continuamente, com pesquisas voltadas à otimização metabólica e à redução das chamadas lesões de armazenamento. Nesse cenário, o SAG-Manitol mantém sua relevância, servindo de referência para novas gerações de soluções aditivas.
As bolsas de coleta com SAG-M disponíveis para os clientes Martell já se alinham a essas tendências, integrando o melhor da tecnologia atual, seja pela estabilidade comprovada da solução SAG-Manitol, seja pela possibilidade de filtração imediata nos sistemas quádruplos, que representam um passo importante rumo à excelência transfusional.
Com isso, a Martell reafirma seu compromisso com a qualidade, segurança e inovação em hemoterapia, oferecendo produtos que acompanham as necessidades clínicas e as mais recentes diretrizes internacionais em processamento de sangue.
Quer mais informações? A equipe de atendimento está à sua disposição! Entre em contato conosco!
Referências:
D’Amici GM, et al. Red blood cell storage in SAGM and AS3. (PMC) PMC
Izzo P, Manicone A, Spagnuolo A, et al. Erythrocytes stored in CPD SAG-mannitol: evaluation of their deformability. Clin Hemorheol Microcirc. 1999. PubMed
Hess JR. An update on solutions for red cell storage. Transfus Med. 2006. Biblioteca Online Wiley
Tran LNT, et al. Impact of Different Red Blood Cell Storage Solutions and Additive Solutions on Storage Lesions. Biomolecules. 2024. MDPI
Podlosky, L., Poirier, A., Nahirniak, S., Clarke, G. and Acker, J.P. (2008), Viability of AS-3 and SAG-M red cells stored in plastic syringes for pediatric transfusion. Transfusion, 48: 1300-1307. https://doi.org/10.1111/j.1537-2995.2008.01667.x