A transfusão de sangue é uma prática essencial na medicina moderna, mas não está isenta de riscos. Um dos principais fatores que podem gerar complicações são os leucócitos residuais presentes nos hemocomponentes. Eles podem desencadear uma série de efeitos adversos — e é aí que entram os filtros para leucorredução, dispositivos projetados para remover essas células antes da transfusão.
Por que remover os leucócitos?
Os leucócitos não têm função terapêutica nas transfusões – com exceção dos concentrados de granulócitos em situações MUITO específicas -, mas carregam consigo um potencial imunológico e infeccioso importante. Entre as complicações associadas à presença de leucócitos, destacam-se:
- Reações febris não hemolíticas: causadas pela ação de citocinas inflamatórias liberadas durante o armazenamento das hemácias e plaquetas — um fenômeno conhecido como lesão por estocagem. Quanto mais tempo o componente é armazenado, maior a liberação dessas substâncias pró-inflamatórias.
- Aloimunização contra antígenos HLA e aumenta a chance de aloimunização eritrocitária: a exposição repetida a leucócitos de doadores diferentes pode levar à formação de anticorpos anti-HLA, dificultando futuras transfusões e até transplantes. A exposição às citocinas pró-inflamatórias favorece o ambiente para a resposta inflamatória do receptor produzir anticorpos anti-eritrocitários..
- TRALI (Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão): embora multifatorial, a presença de leucócitos, citocinas pró-inflamatórias e de anticorpos contra HLA ou antígenos leucocitários pode contribuir para essa condição grave, caracterizada por insuficiência respiratória aguda após a transfusão.
- Refratariedade plaquetária: especialmente importante em pacientes onco-hematológicos, que passam a não responder adequadamente às transfusões de plaquetas por conta de aloimunização HLA induzida por leucócitos.
- Transmissão de infecções virais e bacterianas: os leucócitos podem ser veículos de vírus como citomegalovírus (CMV), além de bactérias intracelulares. A presença de leucócitos favorece o crescimento bacteriano, especialmente em plaquetas mantidas em temperatura ambiente.
Tipos de leucorredução
A leucorredução pode ser feita em três momentos diferentes:
- Pré-armazenamento (na coleta): Considerada a forma mais eficaz, pois evita a liberação de citocinas pró-inflamatórias durante o armazenamento. A leucorredução é feita logo após a coleta, antes do componente ser refrigerado.
Soluções Martell para leucorredução na coleta:
Bolsa quádrupla Top & Bottom com filtro RC Inline CPD/SAG-Manitol e Bolsa quádrupla Top & Top com filtro RC Inline CPD/SAG-Manitol
Ambas ideais para filtrar concentrado de hemácias no momento da coleta.
Bolsa 1800 mL com filtro de plaquetas (TRV 806L)
Especialmente desenvolvida para plaquetaférese, garantindo uma transfusão de plaquetas mais segura desde o início.
- Pós-armazenamento: Realizada após o armazenamento, em ambiente controlado, antes do hemocomponente ser levado para transfusão. Ainda útil, principalmente quando não foi possível realizar a filtragem na coleta.
Soluções Martell para uso em bancada:
FTS-RC 202 – Filtro de hemácias para redução de leucócitos em bancada
FTS-PL 210 – Filtro de plaquetas para redução de leucócitos em bancada
- Beira-leito: Feita diretamente no leito do paciente, no momento da transfusão. É prática e pode ser usada como alternativa quando não há outra opção de filtragem anterior, embora não impeça a formação de citocinas durante o armazenamento.
Soluções Martell para beira de leito:
FTS-RC 102 – Filtro de hemácias para redução de leucócitos em beira de leito
FTS-PL 110 – Filtro de plaquetas para redução de leucócitos em beira de leito
Benefícios comprovados
Diversos estudos mostram que a leucorredução:
Reduz em até 75% as reações febris não hemolíticas
Diminui significativamente os casos de aloimunização anti-HLA
Melhora a eficácia transfusional em pacientes refratários
Reduz o risco de TRALI
Previne a transmissão de CMV e outros agentes infecciosos
Diminui a resposta inflamatória sistêmica
Recomendação no Brasil
No Brasil, a Portaria de Consolidação nº 5, de 2017, recomenda o uso de hemocomponentes leucorreduzidos em situações específicas — como em pacientes imunossuprimidos, onco-hematológicos, transplantados, neonatos e portadores de doenças hematológicas crônicas, como a doença falciforme.
Embora ainda não seja obrigatória de forma universal, a leucorredução vem sendo adotada de forma crescente por serviços que prezam pela excelência e segurança transfusional.
Conclusão
A adoção de filtros para leucorredução representa uma mudança de paradigma no cuidado transfusional. Mais do que uma recomendação técnica, é uma escolha clínica que reduz riscos, melhora a resposta terapêutica e protege o paciente.
Na Martell, oferecemos filtros confiáveis e eficientes para leucorredução de concentrados de hemácias, plaquetas e sangue total, alinhados com as boas práticas nacionais e internacionais em hemoterapia.
Segurança transfusional se faz com qualidade em cada detalhe.
Referências:
Blatyta PF, Ramos GLPA, Capra R, et al. Leucorredução de hemocomponentes: uma revisão da literatura. Rev Assoc Med Bras. 2021;67(4):562–7. doi:10.1590/1806-9282.20200868